Das cinzas a renascença, e do oceano a cura




O oceano era vasto, e desconhecido. Pelo menos até aquele instante. E eu estava submerso. Submerso naquelas águas frias...

Dor. Era tudo que eu sentia. Vislumbrei verdades enquanto estive submerso, transei com meus medos e meus pesadelos. Aquele oceano era meu. Minhas lágrimas. Eu já vinha chorando inconscientemente. Agora, tudo estava às claras. E mesmo na água, senti minha pele queimar.

Medo
Morte
Medo

Renascimento

Da matéria às cinzas
E das cinzas a renascença

Se aquele oceano era meu, eu não morreria. Estava submerso em mim. Por quanto tempo eu me afastei? Quantas vezes me depreciei? E o Oceano era uma tortura, e senti corpo queimar. E a dor não parava. Me dilacerava. Dilacerava cada canto do meu corpo, cada fio do meu cabelo. 

A vontade de chorar era enorme, mas eu já estava mergulhado em minhas próprias lágrimas. Então, não chorei, ou se chorei não percebi.

Vi a minha alma naquela vastidão oceânica, e ela me encarou como se eu fosse um estranho. Por quanto tempo me afastei? Quantas vezes me depreciei?

Mentiras lindas
Verdades fortes
Vem o medo
E vem a morte

E das cinzas a renascença
Que venha a ascensão

E desse oceano veio meu segundo álbum.

A Arte me tocou, transmutou a minha dor. Abri os meus olhos e abracei o meu segundo renascimento. Permiti a transformação. Arranquei do Oceano da Tortura o meu aprendizado.

No fim, minha alma reconheceu o meu corpo após a transformação.
No fim, toda dor era necessária. Só assim recobrei a sobriedade e enfeiticei-me novamente e somente por mim.
No fim, os rios de lágrimas que derramei purificaram minha alma.
No fim, a tortura foi para a cura.
E, os orgasmos que tenho comigo são melhores do que com qualquer garoto que já esteve comigo.

Victor dos Anjos


Twitter e Instagram: @poesiadosanjos

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