HETEROFOBIA
REALIDADE
OU VITIMISMO?
Não é de hoje que o movimento LGBTQ+
vem conquistando alguns espaços, sejam esses só para discussões de seus
direitos, ou até para o reconhecimento dos mesmos. Contudo, faz-se necessário
denotar que esses “avanços” vêm causando certa indignação em pessoas contrárias
ao movimento, que afirmam inclusive que são vítimas de “Heterofobia”. Essa matéria
vem explanar acerca da temática.
Primeiramente, devemos conceituar o
termo. Fobia implica em medo, aversão, ou até ódio/preconceito; no caso da “Heterofobia”,
seria uma aversão ou ódio/hostilidade em relação à heterossexualidade ou às
normas sociais heterossexuais. O neologismo inaugura-se no meio acadêmico em
1990, com o livro “Kinsey, Sex and Fraud”; bem como aparece pela primeira vez
enquanto título de uma obra oito anos depois.
Saindo dessa perspectiva conceitual e
histórica, e adentrando no contexto especificamente brasileiro, temos diversos
fundamentalistas que pressionam esse teclado (da “Heterofobia”). Ainda segundo
os mesmos não existe orientação sexual e sim opção sexual, o “casamento gay”
não tem que ser estimulado, e projetos como “A Criminalização da Homofobia” tem
que ser tratados com indiferença, pois deixam as pessoas heterossexuais em
risco ou desprotegidas. Sob a ótica desse grupo, qualquer projeto que vise exclusivamente
os LGBTQ+ estimula a “Heterofobia”, e, os “gays não são semideuses para
necessitarem de uma legislação específica”.
(Acima temos a matéria da revista “Cristianismo
Hoje” que afirma veementemente a existência da “Heterofobia”.)
“A
ignorância é confortável para muitos. Há quem diga que só os ignorantes são
felizes.” (TIBURI, Márcia. Feminismo em
comum, 2018, p-70)
Seja pela confortável ignorância, ou
por pura crueldade, esses discursos, fundamentalistas, são completamente vazios
de direitos humanos e vetores de uma enorme carga de ódio ou aversão. As questões
levantadas tomando por base esses discursos são: como uma sociedade que
preserva a cultura do machismo pode ser “heterofóbica”? Como o país que mais
mata LGBTQ+ no mundo sofre com “heterofobia”? Não seria o inverso?
Quer você queira acreditar ou não, o
Brasil é o país que mais mata LGBTQ+ no mundo, e as mais diversas fontes já
noticiaram esse dado. Isso exclui não somente a “Heterofobia” da realidade,
como expõe a sociedade machista, misógina e LGBTIfóbica que somos. Sociedade esta
que em 2017 caminhou para trás quando um juiz autorizou os psicólogos a realizarem
a terapia de reversão sexual (popularmente “cura gay”), sendo que nunca foi tão
claro que já nascemos com nossa orientação sexual, e ao longo da vida vamos
reconhecendo-a.
(Quadrinho
da cartunista Laerte)
Tratar de “Heterofobia” é como tratar
de racismo reverso, uma realidade forjada e um completo desrespeito aos
direitos humanos. Hétero não sofre preconceito por ser hétero, não é intimidado
na escola por isso, não apanha na rua por ser hétero, não é tratado como
profano por ser hétero, não recebe apelidos por ser hétero; enfim, a pauta da “heterofobia”
é totalmente inválida. LGBTQ+ são pessoas, que são violentadas diariamente na
sociedade por serem quem são, por esse fator que a necessidade de uma
legislação específica aos LGBTQ+ é enaltecida.
Encerro com uma frase do livro “As
Crônicas de Nárnia”, p-349, fala da Lucy quando retorna a Nárnia, para ser
realizada a reflexão:
“‑
Não seria medonho se um dia, no nosso mundo, os homens se transformassem por
dentro em animais ferozes, como os daqui, e continuassem por fora parecendo
homens, e a gente assim nunca soubesse distinguir uns dos outros?”
Victor
dos Anjos
Twitter:
@VdAnjosOficial
Instagram:
@victordosanjosoficial
Referências
(foram utilizadas pró e contra)
Homofobia ou heterofobia?
Uziel Santana
15/06/2007
Silvana Matos Rocha, 2016
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