O meu semblante

Ele estava parado no canto, se apoiando em um poste. Mexia nervosamente no celular. Trajava uma camisa estampada e uma bermuda jeans. Ele me conhecia, e eu o conhecia. Mas, talvez ele nem se lembrasse, pois tantos anos nos separaram que provavelmente o meu semblante não lhe fosse mais familiar.

Queria ir falar com ele, e olhar naquele lindo par de olhos castanhos que tantas vezes me confortou. Queria acariciar aquela barba, e beijar aquele pescoço. E, queria ainda mais, mais, mais...

Eu o conhecia, e sempre seria aquele que o conheceria melhor. Ele era maravilhoso, por dentro e por fora, era uma pessoa cujas palavras até sumiam porque não eram capazes de contemplar o ser que ele é.

Minhas pernas estavam travadas, e meu coração acelerado. Repentinamente ele tirou os olhos do celular e os lançou em minha direção, e se eu fosse cardíaco, o enfarte era certo. 

Ele sorriu para mim, um sorriso que coloriu meu mundo. Andei meio desajeitados em sua direção. Sobre o que iríamos falar, pensei, será sobre política? Música? Corações partidos? Livros? Revoluções?. A única revolução desejada por mim naquele instante, era uma que mudasse o meu comportamento quando o via.

Ele era meu amigo, ele era meu namorado, ele era meu amante, ele era meu segredo, ele era meu medo, ele era o mais íntimo de mim... Ele era, e ele é...

Abraçamos-nos...

— 19 anos! Ele disse com um enorme sorriso.

Retribuí. Abraçamos-nos novamente. Cheirei seu pescoço. Renovei meus votos. E novamente, a ele, me entreguei...



                                                                             Victor dos Anjos

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*postado originalmente no meu blog do WordPress, no dia 12/08/2019.

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