Monogamia vs Poligamia

 Monogamia vs Poligamia

O país Twitter é recheado de “debates”. Ontem, enquanto eu caminhava por suas vastas terras, terminei avistando uma postagem interessante. Nela, o jornal O Globo compartilhava a opinião de uma especialista, que tratava sobre o “fim da monogamia”.

Interessante é que no Twitter já há sempre alguém debatendo fervorosamente sobre isso, e apontando o que é ou não é mais adequado para todos. Portanto esse post terminou sendo um prato cheio, um palco para as pessoas que afirmam sobre o “fim da monogamia” se apoiar.

Alguém comentou que “a monogamia nunca existiu”, outra pessoa disse que “a monogamia é uma farsa”, uma determinada psicóloga comentou que admirava a especialista, mesmo afirmou que não concordava com o posicionamento dela devido a sua experiência clínica.

Há de se questionar o que leva alguém afirmar que a monogamia é uma farsa, ou que nunca existiu. Por exemplo, talvez sejam os casos de infidelidade nos casamentos, ou talvez os divórcios, ou ainda casamentos que não são saudáveis... Partindo desses pontos, algumas inferências podem ser feitas: uma pessoa que se divorcia deixa de ser monogâmica? Uma relação não monogâmica é imune as traições? Uma relação não monogâmica é automaticamente não abusiva? Um relacionamento monogâmico é automaticamente abusivo?

Não, a resposta é óbvia. Sobre o relacionamento abusivo, ou tóxico, as mais diversas formas de relacionar — mesmo uma amizade — estão sujeitas a serem ou se tornarem abusivas. Porque isso, o comportamento abusivo, — de maneira sucinta — é referente a uma pessoa cujo os atos e palavras terminam por machucar a outra pessoa, seja físico, psico ou moralmente. É uma violência.

Logo, mesmo que haja alguns relacionamentos monogâmicos que tenham sido abusivos, os relacionamentos estão sujeitos a serem abusivos por conta de atos e falas das pessoas envolvidas. Não é uma exclusividade do relacionamento amoroso monogâmico. Isso remete-me então que o que há de se questionar, debater, e modificar/moldar são esses comportamentos abusivos, ou a romantização desses comportamentos.

Por exemplo, a questão da traição. Tratando da traição masculina, ela está associada a cultura do machismo. A naturalização, ou banalização que há — não por todos, por alguns — na traição masculina está relacionada a cultura do machismo. Onde desde pequeno o homem é estimulado a ser o pegador, e quando grande estimulado a ser uma máquina de sexo que funciona 24h. E quando ocorre a traição há sempre uma figura para proferir a frase clássica: “homem é assim mesmo”.

(Não estou dizendo que todo homem trai, ou que só os homens traem. Estou trazendo a luz algumas questões para expor o quanto afirmar que a monogamia não funciona é superficial.)

(Um exemplo de relacionamento aberto que pode ser visto como tóxico/abusivo, foi o que a artista Frida teve com o Diego Rivera, que foi bem ilustrado no filme Frida (2002). Vale pontuar que o Diego teve relacionamento sexual até com a irmã da Frida.)

Prosseguindo, na minha visão, o grande debate tem que ser em torno do porquê das relações não monogâmicas serem mal vistas, e, de que as diversas formas de relacionamentos amorosos devem ser respeitadas (desde que sejam relações saudáveis e consentidas). Sendo assim, o que se deve fazer ao invés de atacar a monogamia é desmistificar os relacionamentos não monogâmicos.

O biólogo e sexólogo Alfred Kinsey, ao tratar de questões relacionadas a sexualidade pontuou que nem todos os animais são ovelhas, nem todos são cabras, nem todos são heterossexuais, nem todos são homossexuais, ou seja, há diversidade ou fluidez nesse mundo. Trazendo para o contexto dessa reflexão, o que deixo é que alguns são monogâmicos, outros não são. E, o que valida a qualidade de um relacionamento amoroso não é essa característica, e sim o fato dele ser saudável ou não. As pessoas são e devem ser livres para a avaliar qual modelo, ou quais modelos de relacionamento são melhores para si.

✏️ Victor dos Anjos ✏️

@poesiadosanjos


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